10 de abr. de 2009

O Espetáculo do Cotidiano


Adriano evidenciou-nos um lado humano do mito, pois que todo mito tem, em certo sentido, um quê de humano. A fraqueza, o deslize e a tristeza são demasiadamente humanos e Adriano não escondeu isso. De menino pobre a Imperador existe um abismo e nem sempre, ou quase nunca, é confortável habitar ali.
O sensacionalismo do cotidiano (a vida por si só é fantástica, dispensando qualquer tom de dramaticidade em seus relatos) nos ensina que as versões são sempre maiores do que os fatos. Em pouquíssimas horas Adriano passou por diversas situações: envolveu-se com traficantes, esteve preso e até mesmo (acreditem se for possível) morreu!
Acompanhando a cobertura que jornais, rádios, canais de TV e principalmente sites proporcionaram ao fato, confesso que me incomodou a perseguição insana a Adriano. Fotos e entrevistas, dissecando a vida do mito e tentando transformá-lo em homem (como se isso já não tivesse acontecido) davam conta do cotidiano do Imperador: Adriano foi visto comprando jornal hoje pela manhã. Ex-namorada do atacante revela que Adriano tem problemas com álcool. Adriano foi visto saindo de um condomínio, ao lado de amigo.
Até o pronunciamento oficial o que assistimos foi um espetáculo do cotidiano. Quantos de nós não levantamos para comprar jornal, ou sofremos com o alcoolismo, ou até mesmo somos vítimas de calúnias?
Adriano, assim como os Ronaldos, Robinho e tantos outros, são humanos. Apenas que alguns deles esqueceram-se disso enquanto brincavam de ser Fenômenos ou Imperadores.

Um comentário:

Rafael Peçanha disse...

Genial a análise meu camarada, tirou as palavras da minha boca, com mais exatidão que as que eu usaria.