O encontro provável.
Quando ele acordou, naquela manhã de segunda feira, sabia que algo estava diferente. Não entendia bem o que. Um gosto estranho na boca, um odor diferente no ar. Algo definitivamente estava diferente.
Não sentiu vontade de levantar da cama. Não que ali estivesse confortável, mas faltavam-lhe forças para caminhar.
Tomou coragem para engolir o primeiro gole amargo do café, vestiu a roupa amarrotada do dia anterior e saiu de casa. A claridade o incomodava. Aliás, tudo o incomodava.
Caminhou uns dez passos até esbarrar com um desconhecido. Havia naquele estranho, algo de muito mais familiar do que podia imaginar. Custou a descobrir o quê. Olhou por minutos o olhar do estranho. Fitou, fitou e fitou.
Os olhares têm essa peculiaridade. Eles dizem muito do que não quer se falar. Viu na pupila do cara estranho a dor que o consumia desde cedo e que só agora ele conseguiu compreender. Ele lembrara então de que era Tricolor. O estranho, por um acaso qualquer, era Botafogo, mas poderia torcer para qualquer outro time do Rio.
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