Ao torcedor, com carinho
É de fato emocionante chegarmos ao fim de uma temporada e constatarmos que, em termos de presença de torcedores, o Rio de Janeiro foi imbatível.
O torcedor rubronegro, por exemplo, já não é mais surpresa, deu um espetáculo ao proporcionar mosaicos e festas no Maracanã. Sempre foi assim, imagine com o time campeão.
O torcedor do Botafogo teve seus momentos de glória, quando lotou o Engenhão diante do Avaí (nem a diretoria acreditava) e quando venceu o Palmeiras na última rodada e se livrou de rebaixamento. É a prova cabal, de que o alvinegro pode e deve abraçar seu estádio.
O torcedor do Vasco fez exatamente aquilo que dele se esperava. Apoio do início ao fim. Mesmo nos momentos mais complicados na série B (não foram tantos assim), o cruzmaltino não deixou seu time na mão. O mais significativo nessa campanha do Vasco, foi que os jogos do Maracanã, sempre com estádios cheios, acabou com a pequenez dos pensamentos de outrora.
Por fim, o que dizer do torcedor tricolor. Foi de fato emocionante, ver a entrega da torcida e de seus jogadores. Foi a mais perfeita comunhão entre arquibancada e campo. É comum se denominar a torcida o 12° jogador, entretanto, nunca essa expressão foi tão bem personificada como no caso dessa legião de tricolores. O torcedor do Flu deu novo sentido a palavra torcer.
Quero contudo deixar claro, que faço sempre referência aqui aos verdadeiros torcedores de futebol, nunca àqueles imbecis travestidos de apaixonados por seus clubes. Quem ama de verdade, jamais mata em nome desse amor.
O pior cego
Dizer que o Flamengo foi campeão brasileiro de 2009, porque o Grêmio atuou com reservas no Maracanã é no mínimo, não querer enxergar os fatos. Um time que é tido em dado momento, como apenas coadjuvante, que chega até mesmo a fazer contas para não cair para segunda divisão, que pensa em brigar apenas pela libertadores em certa altura da competição e que chega ao título, deve ter seus méritos.
Em pontos corridos, não é apenas 1 jogo que define o torneio. É o somatório de todos eles, que determina seu final. E o Flamengo mereceu vencer.
Para aprender 1
O nome do campeonato não é Petkovic, Adriano, Ronaldo ou Diego Souza. O nome do Campeonato está fora dos gramados e chama-se: Andrade. Não vou citar a humildade como sua maior virtude, pois que ser humilde nem sempre é algo a ser louvado. Gostaria de enaltecer a capacidade de trabalho e de perseverança deste operário que é o Andrade.
São sete anos esperando uma chance concreta no Flamengo. Antes disso, teve que aturar muita coisa: humilhação de alguns cartolas e jogadores, carregar sacos de bolas nas costas, ser interino nas horas mais complicadas para o time, etc.
Andrade venceu porque nunca ostentou fama e arrogância, porque jamais reclamou dos momentos ruins, porque sempre teve sobriedade sem precisar usar ternos e principalmente, porque sempre soube respeitar quem esteve ao seu lado.
Para aprender 2
Coisa sublime a campanha tricolor no Campeonato Brasileiro 2009. De time certamente rebaixado à equipe que emocionou a torcida no final, houve de certo uma evolução extraordinária. Méritos também do técnico Cuca, que soube valorizara jogadores até então esquecidos no clube, como Digão, Diogo e outros tantos.
Porém, fica aqui um alerta para a torcida mais bonita desse ano: não deixem os erros encobertos. Usem essa força que vocês demonstraram durante a campanha, para exigir transparência, seriedade e organização de seus dirigentes e patrocinadores.
Quem manda lá em casa?
O último jogo do Flamengo no Maracanã, o que deu o título ao time, foi sofrível. Os rubronegros não se encontraram em campo, demonstraram nervosismo (apesar da experiência da maioria de seus atletas) e quase se complicaram na briga pela taça.
Não é a primeira vez que o Fla se enrola, diante de sua torcida e contra adversários mais frágeis. Nesse campeonato por exemplo, o Mengo esteve melhor fora de seus domínios do que no Maracanã. Já é hora do time aprender a atropelar adversários dentro do maior do mundo, principalmente em jogos decisivos. A Libertadores vem aí, e isso será fundamental para a conquista.
Novos ares
A vitória de Patrícia Amorim no Flamengo, não deixa de representar algo de muito positivo. Sempre vejo com bons olhos uma administração diferente. E não é pelo fato de ser a primeira presidente de um clube no Rio de Janeiro, simplesmente porque penso que as mulheres no poder, qualquer que seja ele, já não representa mais noviade alguma. Elas já estão há muito tempo acostumadas a vencer, e com justiça. A própria Patrícia Amorim é vereadora por muitos anos.
O que há de positivo na vitória de Patrícia, é que percebo uma certa ingenuidade em seus atos. Não confundam ser ingênuo com ser tolo. Quero dizer aqui, que a Presidente do rubronegro tem pouca contaminação do ambiente que é o futebol brasileiro. Ela não traz os vícios da cartolagem que está aí há tantos anos.
Se vai dar certo ou não, só o tempo vai dizer. Deixem Patrícia trabalhar. Por enquanto, duas impressões positivas: a manutenção do Vice de Futebol campeão, Marcos Bráz, mesmo sendo seu adversário político, e a declaração de que o Flamengo não pode ser campeão a troco de tudo.
Um comentário:
Muito sóbrio seus comentários. Quero ressaltar principalmente os comentários sobre Andrade, torcida do Flu e Patrícia Amorim.
De fato são as melhores expressões de um futuro mais amistoso e menos estereotipado ao que se vinculou no futebol brasileiro.
Não existem fórmulas prontas para que algo dê certo ou não, espero que com os exemplos deste ano o futebol brasileiro se reconheça e prospecte um futuro melhor, com menos soberba, com mais amor e com muito trabalho sério, mas não com o intuito de alto se promover, mas sim prover o maior espetáculo da Terra do nosso sempre brilhante Futebol.
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