27 de jan. de 2012

ÍDOLO GLOBAL

A conceituadíssima revista Time publicou, nas sua última edição, uma matéria de capa com Lionel Messi. A reportagem trata o jogador como possível "melhor de todos os tempos" e questiona os motivos da rejeição dos argentinos pelo craque.
É curioso notar que a Time tenha publicado um atleta de soccer em sua capa. O semanário estadunidense não tem esse costume, mesmo porque os norte-americanos não são fãs desse esporte. Na Copa do Mundo de 1994 havia cidadãos locais que sequer sabiam da realização do evento em território norte-americano.
Acontece que as cifras em torno do futebol são estratosféricas e crescem em progressão geométrica. Há interesses mais profundos em se publicar uma reportagem de capa sobre Messi do que meros critérios jornalísticos. É preciso lembrar que as marcas de material esportivo estão sempre em expansão e o mercado norte-americano é, sem dúvidas, bastante atraente.
Reconheço, contudo, o mérito da reportagem e a questão interessante que ela suscita. Lionel é uma unanimidade no planeta: goleador, principal estrela do maior time da atualidade e eleito melhor do mundo mais de uma vez. Mas, na Argentina ele divide opiniões entre seus compatriotas.
Acontece que os hermanos estão acostumados com Maradona, um ídolo feito para o povo. Diego é a encarnação dos anseios portenhos, fala a língua do argentino médio e faz questão de ser como um deles.
Já Messi, raramente volta a sua pátria. Desde muito jovem deixou seu país em busca de um futuro digno na Europa. Ele é resultado dos maltratos da América Latina, um continente acostumado a renegar seus talentos.
A distância entre o ídolo e seus fãs (não só física, mas espiritual) esfriou a relação. Em jogos da seleção argentina, Messi sequer canta o hino; nem mesmo finge,como faz a maioria dos boleiros. Há uma frieza evidente entre jogador e sua pátria.
Eu não gosto de relacionar futebol e patriotismo, mas devo admitir que o argentino, em especial, carrega essa marca. Em um país onde esse sentimento se destaca, não é de se admirar tanta desconfiança em torno de Lionel Messi. Mas, como futebol é igual em todo lugar, nada que um título não resolva.

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