O Império de verdade
Porque Adriano não larga a Vila Cruzeiro? O que o faz desistir da Itália, país de primeiro mundo onde tudo funciona, para se beneficiar dos prazeres da vida carioca?
Dizer apenas que por aqui as coisas são mais fáceis para o Imperador, que não há cobranças no clube onde joga (diferentemente da Itália) ou que ele gosta de esbórnia e por isso não deixa o Brasil, é simplificar demais a questão.
Adriano tem profundas raízes com o lugar onde nasceu e viveu durante bons anos. Ele tem verdadeira simbiose com a Vila Cruzeiro e com seus amigos de infância. Quantos gostariam de ser o Imperador e não viraram sequer súditos? Alguns de fato viraram imperadores, mas de impérios bem diferentes.
Adriano teve a chance de virar Imperador do mundo inteiro, mas ele não quis. O que ele quer é ser o Imperador da Vila Cruzeiro, talvez como forma de tentar tirar da miséria aqueles que sonham em ser outra coisa, diferente daquilo que o destino lhes impõe.
Ao menos, Adriano quer sentir-se melhor, dentro de seu mundo, de sua gente, do cheiro das empadas de sua avó e da miséria, que também é sua. Porque é lá, na Vila Cruzeiro, e não na Itália, que Adriano é de fato o Imperador.
Entre a cruz e a espada
Andrade não quis mais do que ele merece. Está certo de que o futebol proporciona coisas incríveis. Às vezes as cifras são tão altas, que até nos perdemos no meio de tantos zeros, mas o treinador pediu aquilo que é justo de acordo com a conquista que teve e com o que o meio oferece.
Andrade não foi humilde dessa vez e isso deve ter espantado algumas pessoas. Mas, como eu disse outra vez, a humildade nem sempre é virtuosa. É como o velho dilema: o técnico ficou entre a cruz e a espada. Se pedisse pouco, ficaria desvalorizado. Se pedisse muito, seria tratado como arrogante e aproveitador. Nem uma coisa, nem outra: Andrade pegou o que lhe foi imposto. Nem tanto como pediu, nem tão pouco como não desejava.
Como será o amanhã?
Cuca foi mantido no cargo de técnico do Flu. À princípio pode parecer algo positivo, afinal de contas o que ele fez na reta final do Brasileirão foi extraordinário.
Há, entretanto, aspectos que precisam ser ressaltados. Não é de hoje, Cuca tem seu estilo de trabalho questionado por muitos jogadores com quem trabalhou. Foi assim no Botafogo e também no Flamengo, para citar dois exemplos.
O que se deve questionar é: será que na reta final do Brasileiro valeu mais a força dos jogadores do Fluminense, ou a capacidade de Cuca? Será que foi a união do elenco, aliada a técnica de Fred e de Conca, que tirou o time da segundona, ou foi a decisão de Cuca de afastar os veteranos e valorizar os garotos? O que teve mais peso na campanha milagrosa do tricolor?
Todas essas perguntas terão respostas em breve, assim que começar o Estadual. Aí então, saberemos o valor real de Cuca.
Modernidade?
No meio fashion do futebol, já assistimos inúmeras vezes, jogadores mudarem seus estilos de cabelo, roupas, sapatos e afins. Influenciados pelo glamour e pelo negócio em que se transformou o esporte, suas personagens não ficam imunes às novidades extravagantes da moda.
É de se estranhar quando um jogador, que ganhou o estigma de homossexual, faz exatamente o que todos eles fazem e isso suscita opiniões vindas de todos os lados, até mesmo (pasmem) de dirigentes.
Mas o que mais assusta, é a reação de internautas. Violência, preconceito, intolerância...são muitos os sinônimos que eu poderia inumerar. A internet é um espaço público e livre e, talvez por isso, não seja tratada com a atenção que merece. Por ser um espaço virtual, algo entre o real e o imaginário, as pessoas sentem-se mais livres de pudores e censuras. É aí que o perigo mora: quando a censura afrouxa, a verdade aparece. E a verdade do ser humano é essa que o caso Richarlysson apresentou. Jamais fomos modernos, mesmo com tanta tecnologia.
Um comentário:
É Fabinho, muita coisa se fala com relação ao Adriano na Vila Cruzeiro, mas nada se compara a estar perto de pessoas em que se confia, literalmente sentir-se em casa. Em um meio tão complicado de se viver nada melhor do que o refúgio de um lugar acolhedor como nosso verdadeiro lar.
De certo a conquista do Flu foi fantástica, pois agora será referência para próximos brasileirões no que tange a virtuais rebaixados. Saber, quem foi decisivo para essa arrancada, difícil, mas de certo a força do conjunto falou muito mais alto.
Quanto a intolerância estapanda em blogs, sites de relacionamento e diversos meios, gostaria que os mesmos que teimam em demonstrar essa força contra, acima de tudo, um ser humano, fizessem o mesmo para lutar pelos direitos, sempre cerceado pela política corrupta brasileira.
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