Se fosse possível medir o exato instante em que o garoto virou homem, esse instante se deu no momento em que Phillipe Coutinho cobrou o pênalti contra o Fluminense.
Dirão alguns que há um certo exagero na minha primeira frase. E eu cofesso que existe de fato, uma valorização além das medidas naquilo que descrevo. Quero também dizer, que não me arrependo nem um pouco de exagerar: Phillipe Coutinho mostrou de fato que está maduro suficiente para ganhar o rótulo de craque.
Enquanto os burocratas decidem se vale ou não, os atacantes têm abusado do recurso da paradinha. Uma rápida e nem sempre sutil freada, antes do objetivo principal, que é o toque na bola. O goleiro estatelado, esparramado ao solo, com as feições de quem foi feito de panaca e a redonda rolando macia e mansa até o seu destino final. Trata-se de um típico caso do famoso jeitinho brasileiro. Em nenhum outro lugar do mundo, a malandragem teria sua morada mais adequada.
Mas, não pensem vocês que a manobra é assim tão corriqueira. É preciso frieza, calculismo e acima de tudo, confiança por parte de quem bate uma penalidade dessa maneira. Mas, o requisito fundamental para cometer tamanha atrocidade com o pobre goleiro, é ter uma boa dose de empáfia e isso, podem acreditar, só o craque tem.
Estava ansioso por ver o menino prodígio em ação num jogo realmente decisivo e confesso que fiquei convencido das minhas afirmações anteriores. Além da maturidade demonstrada, Phillipe Coutinho desfilou um repertório inebriante de dribles e passes precisos.
Foi correto Dorival Jr., ao resguardar Phillipe enquanto ainda era um menino. Agora Vágner Mancini vai desfrutar de todas as possibilidades que o menino craque, agora transformado em homem, pode oferecer.
Como escrevi em outra ocasião: é pena que o devaneio vascaíno tenha hora marcada para acabar. Dirá um torcedor mais resignado: "os filhos são criados para ganhar o mundo". Phillipe Coutinho certamente é um desses casos.
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