16 de fev. de 2015

CONTRATAR OU NÃO CONTRATAR?

odia.ig.com.br
Aírton, volante de ofício, não vai renovar com o Benfica, clube com o qual tem contrato até o fim de junho desse ano. Sem os portugueses na jogada, o Botafogo não precisará desembolsar a grana alta de transferência internacional e poderá ficar em definitivo com o jogador. Aírton tem contrato de empréstimo com o alvinegro até o meio do ano.
A transação vem bem a calhar com o que esperam os dirigentes alvinegros. Herdeira de dívidas escabrosas, a nova diretoria adotou a política da contenção de custos. A montagem do elenco vem obedecendo, criteriosamente, este aspecto. Medida impopular, mas necessária.
A questão é definir a relação custo/benefício nas contratações. É preciso avaliar se determinado atleta merece um investimento. Muitas vezes, o jogador é caro mas rende bons frutos dentro de campo, com alto desempenho técnico, e fora dele, com vendagem de produtos e retorno em marketing. É o caso, por exemplo, de Jéfferson, goleiro valorizado internacionalmente, portanto caro. Entretanto, tudo o que o clube pode ganhar em troca deve compensar o investimento.
O caso de Aírton é o oposto: jogador tecnicamente fraco, ele tem como principal virtude a forte marcação. É atleta para uma só função, coisa cada vez mais rara no futebol moderno. Até mesmo os goleiros exercem outras funções. Rogério Ceni e Manuel Neuer são bons exemplos. Aírton é barato, mas joga pouco, também em quantidade. Não leva muitos cartões vermelhos, como seu jeito truculento faz parecer, mas é constantemente suspenso por amarelos. 
Sem ter uma sequência de jogos, Aírton não pode apresentar um bom rendimento técnico. Fora de campo, não tem nem de perto a simpatia do torcedor. Ele é, portanto, aquele tipo de investimento que se convencionou dizer: "o barato que sai caro".
Então, fica a questão: vale a pena contratar em definitivo o volante? Para respondê-la é preciso se analisar o atual elenco do Botafogo. Na posição de Aírton temos, incluindo o mesmo, cinco nomes: Marcelo Mattos, William Arão, Andreazzi e Lucas Zen. Mattos é titular absoluto, mas tem um histórico recente de lesões gravíssimas. Qualquer cuidado é pouco. William está chegando; é uma aposta e, como tal, pode vingar ou não. Andreazzi é jogador da base e viveu, como todo os remanescentes de 2014, o trauma do rebaixamento. Amadureceu com a experiência, mas também precisa de mais rodagem. Lucas Zen está há cinco anos entre os profissionais. Deu sinais de que poderia vingar em muitos momentos, mas acabou refugando na maioria das vezes.
Contratar em definitivo Aírton pode, de fato, ser arriscado. Investir em jogador de futebol é como aplicar na bolsa de valores: é preciso uma avaliação criteriosa dos perigos de perda financeira. Esse me parece o caso do volante. Por outro lado, os dirigentes alvinegros não parecem ter muita escolha. Olham seu elenco e sua limitação financeira. Pensam em possibilidades e analisam o mercado. Certamente, nesse quesito, Aírton se apresenta como uma oferta tentadora.
Não podemos desprezar, também, a experiência acumulada do atleta. Revelado pelo Nova Iguaçu, teve a chance de ser campeão brasileiro pelo Flamengo em 2009. Acrescentou vivência internacional ao jogar pelo Benfica, embora tenha ficado em Portugal por apenas 1 temporada. Atuou pelo futebol gaúcho, região do país que apresenta jogo mais parecido com suas características. Apenas 1 ano por lá e a vinda para o Botafogo. 
Embora não pareça, Aírton tem apenas 24 anos e uma vida adiante. Há muito para acontecer na carreira desse jogador. Para isso, ele precisa encontrar um equilíbrio. Aírton deve ter em mente que adversários e árbitros irão persegui-lo. Jogadores irão provocá-lo até que perca a cabeça. Juízes irão vigiá-lo obsessivamente, procurando o menor desvio de conduta para expulsá-lo. Aírton precisará ser um homem diferente do que foi até aqui. Deverá domar impulsos e agir com frieza. 

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