10 de mar. de 2015

A CULPA NÃO É DO THOMAZ

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Thomaz Bellucci está incomodado com a enxurrada de críticas que recebeu após a derrota para Federico Delbonis e a consequente eliminação brasileira nas oitavas de final da Copa Davis, principal torneio entre países no tênis. Ele entende as desaprovações dos torcedores, mas não aceita as depreciações que versam sobre seu estilo em quadra.
Bellucci alega que não tem o mesmo estilo de outros tenistas brasileiros aposentados, como Guga e Meligeni, que eram mais emotivos e enérgicos. Segundo Thomaz, o brasileiro, de uma forma geral, não se acostuma com atletas mais frios. Faz sentido, se levarmos em consideração que nosso povo é demasiado emotivo e, por vezes, se perde em seus próprios anseios. A seleção brasileira de futebol que o diga.
O problema maior de Thomaz Bellucci é ser contemporâneo de João Souza. Mais conhecido como Feijão, o tenista brasileiro protagonizou, no dia anterior à eliminação, uma partida épica com o argentino Leonardo Mayer. Foram quase sete horas de uma disputa frenética e exaustiva. Não faltaram raça, dedicação e vibração para Feijão. Houve muito drama em quadra, bem ao estilo brasileiro.
Mas, houve também derrota. João Souza, a exemplo de Bellucci, também perdeu seu confronto. Em termos práticos, ambos os jogos tiveram o mesmo efeito e, em mesmo grau, contribuíram para a eliminação, temporária, do Brasil na Davis.
O que as diferencia, no entanto, é a impressão passada ao público. Para os torcedores, sobrou disposição a Feijão e faltou a Bellucci. É como se Thomaz não tivesse dado o máximo que pôde; como se lhe faltasse determinação ou interesse para a vitória. Aos olhos do fã de tênis, Bellucci teria refugado da missão de vencer. 
Por outro lado, Feijão encarnou o que todo brasileiro espera de um desportista. Foi guerreiro, batalhador, teve empenho e suou sangue para vencer. Mas, perdeu. O esporte é a representação social de um povo. Ali, no jogo, o torcedor se projeta. Ele arremessa seus ódios, frustrações e anseios na competição que assiste. A história do brasileiro médio encontra no estilo de jogo de Feijão um modelo acabado. 
Há muitas diferença entre João e Thomaz. A começar pelo nome. Quantos brasileiros são Bellucci? E quantos serão João? Até mesmo a alcunha de Feijão o faz mais próximo de seu povo. Que brasileiro não gosta de feijão? 
Mas, ambos perderam e colocar a culpa da eliminação em Bellucci é covardia sem igual. O Brasil não caiu na Davis por conta da falta de empenho de Thomaz. O Brasil perdeu porque seu adversário, a Argentina, tem tradição infinitamente maior no tênis. Perdeu, porque vive de conquistas esporádicas e momentos grandiosos que não voltam, como Gustavo Kuerten. Perdeu, porque não investe em formação de atletas e centros de formação de profissionais. O Brasil perdeu porque não se preocupa com o esporte nas escolas e nas universidades. Perdeu e perderá tantas outras vezes, até que descubra que vitória pode acontecer por acaso, mas resultados consistentes levam tempo e investimento para acontecer. 

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