24 de set. de 2015

TENTÁCULOS

Vem chamando a atenção o resurgimento de um nome inesperado, embora antigo, no futebol brasileiro. Me refiro ao Brasília, equipe de 40 anos e que já disputou sete vezes o Campeonato Brasileiro, foi campeão oito vezes do Candango e, recentemente, conquistou a Copa Verde. 
O Brasília tem em seu currículo o importante feito de ter sido um dos primeiros clubes empresa do Brasil, em 1999. Um dado honroso e que apontava para um futuro brilhante, não fossem os desvios que o futebol tem. Ainda mais quando associado a política.
A capital federal parece propícia para este tipo de ligação. Tudo que há no serrado está intimamente ligado a vida política. o Brasília não poderia escapar ao destino. Seu antigo proprietário, o advogado Luís Carlos Alcoforado, tem íntima ligação com Agnelo Queiroz, ex-governador do Distrito Federal e acusado de um bocado de crimes com a participação de Alcoforado. Antes do Brasília, houve a história de sucesso do Brasiliense, clube comandado pelo ex-senador Luís Estevão, condenado por crime de corrupção. 
O Brasília, pela primeira vez em um torneio internacional, acabou de ser vendido a um grupo de empresários dos Emirados. Gente que enxerga longe e não costuma dar tiro nos pés. Seu novo proprietário, o também advogado Luís Felipe Belmonte, detém 96% das ações do Brasília. Entretanto, entregou a gestão do clube ao grupo estrangeiro e tem em José Carlos Brunoro, um burocrata do esporte, seu braço direito. À primeira vista um modelo interessante de gestão e que aponta para um futuro promissor. 
Entretanto, novamente a maldição assombra o futebol candango. Belmonte, sócio majoritário do Brasília, foi advogado de Luís Estevão e responde, tal qual o ex-senador, aos crimes de desvio de dinheiro e formação de quadrilha.
Há muito mais no futebol do que meramente o jogo. Quem dera a vida se resumisse às quatro linhas. Quem dera fôssemos nós e a bola, sem os intermediários que insistem em sujar o esporte.

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