29 de mar. de 2015

POR UM FIO

esportes.r7.com
A informação veiculada pelo jornal Extra de que Jobson pode trocar o Botafogo pelo Fluminense no segundo semestre me causa espanto. Primeiro porque gratidão não deve ser apenas sentimento, mas ação. O Botafogo sempre fez de tudo para tentar salvar a carreira conturbada do atacante. Não fosse o clube, Jobson já estaria esquecido.
Ao que consta, o valor do salário é o principal entrave para a renovação de contrato. Ora, é pública e notória a gravíssima crise pela qual atravessa o clube de General Severiano. Não seria esse o momento de Jobson demonstrar toda a sua gratidão? Por que não facilitar nesse momento tão delicado da história do Botafogo? 
Há uma falácia no meio do futebol que fala de profissionalismo para justificar atitudes como essa. Dirão os mais pragmáticos que Jobson é profissional e tem o direito de negociar valores mais altos. De fato, tem esse direito. Mas há um equívoco na afirmação anterior. Profissionalismo nunca foi uma característica desse atacante. São inúmeros os exemplos de falta de compromisso do jogador com o clube. 
Sendo benevolente e concedendo a Jobson, mais uma vez, o benefício da dúvida, suponhamos que o jogador esteja sendo influenciado por seu representante. Ora, o atleta já é bastante rodado para saber como as coisas funcionam no futebol. Sabe, sem sombra de dúvida, que a sua postura tem sido inadequada nesse episódio. Jobson já concedeu entrevista afirmando, categoricamente, que renovaria seu contrato sem problemas. Disse ele: "assino contrato até em branco". E por que não assinou até agora? Mentiu para ficar bem diante do torcedor? Disse a verdade, mas não pôde cumpri-lá? 
Jobson já teria abandonado o futebol não fosse as chances do Botafogo. Segue sem aprender com sua conduta. Jamais quis se transformar. Repete um discurso vazio de que os erros do passado ficaram para trás. Dentro de campo tem sido comum. Nunca, em sua história no Botafogo, demonstrou um futebol que justificasse ser chamado de craque. Quando muito, salvou o time do rebaixamento em 2009. É muito pouco, ou quase nada. 
Aqui entra a segunda parte do meu espanto: por que o Fluminense teria interesse nessa bomba relógio? O futebol que Jobson apresenta hoje, e mesmo aquele que já apresentou em outras épocas, não compensaria a contratação. Ter o atacante no elenco é sinônimo de dor de cabeça. Dentro de campo não resolve muito, como querem fazer parecer. Mesmo sendo o elenco tricolor bastante frágil, e de fato é, há outros nomes no mercado que poderiam ser mais eficientes para o time.
Jobson tem 27 anos. Para o futebol ainda não está velho. Tem uma estrada a percorrer. Entretanto, para pessoas como ele, o tempo passa mais depressa. Inúmeras portas já se fecharam para o jogador e suas opções, a cada ano que passa, se tornam mais escassas. O mercado olha com muita desconfiança para Jobson. Talvez seja General Severiano um dos poucos lugares dispostos a acolhê-lo. Se o atacante não mudar sua postura na negociação com o Botafogo, pode ser que o clube se canse e simplesmente desista. E se o alvinegro desistir de Jobson, não sei mais quem irá ajudá-lo.
 Jobson é remanescente da administração anterior. Maurício Assumpção rezava para que o contrato do jogador acabasse logo, pois não sabia mais o que fazer com ele. Fez um contrato muito longo para um problema maior ainda. Renê Simões e Carlos Eduardo Pereira tentam lidar com esse peso da melhor forma que podem. Não tratam Jobson como coitado, nem dão demasiada atenção para seus problemas. Se o jogador e seu agente insistirem em dificultar a renovação de contrato, o lugar dele será a rua. 
O Botafogo montou um elenco para a disputa da Série B, competição árdua. Todos que hoje vestem a gloriosa camisa sabem das dificuldades do clube. Nenhum deles fará exigências absurdas. Todos sabem que precisam se doar pelo objetivo comum: voltar à elite. Esse infeliz entrave criado por Jobson não condiz com o espírito alvinegro.

2 comentários:

Unknown disse...

Fábio, muito bom o seu texto!

Concordo com você, não há justificativa plausível para a demora do Jobson em renovar seu contrato com o Botafogo. Gratidão é um sentimento nobre, não sei se ele nutre esse sentimento pelo clube, mas deveria nutrir, pois quando mais precisou o Botafogo lhe deu uma oportunidade.

Vamos aguardar...

Abraços e saudações alvinegras! ☆

Fábio Morais disse...

Obrigado pelo comentário, amigo Luiz Rogério.