Quando se é moleque, a arte é sempre acompanhada da ternura. Não há nada de pernicioso no garoto arteiro, pelo contrário, há beleza, teatralidade ou, até ,mesmo, poesia nas atitudes juvenis.
No futebol são muitos os exemplos da molecagem pueril. Garrincha não sabia nem mesmo o nome dos seus adversários. Ignoráva-os solenemente, tratava-os até com certo desdém. Passava os pés sobre a bola, a deixava parada, enquanto seu corpo seguia em frente, torturava seus marcadores.
Zico era mais objetivo e menos driblador, mas tão genial quanto o Mané. Cobrava faltas com rara precisão e lidava com a bola com rara intimidade. Roberto Dinamite fazia gols de todas as maneiras, esse era o seu ofício. Fez um dos mais belos gols da história do Maracanã, após aplicar um lençol no adversário. Rivelino não fica para trás. O elástico aplicado com maestria e o chute de fora da área, estão até hoje na memória do torcedor tricolor.
Mas, o que esses mestres têm de diferente da "jóia" Neymar? O respeito pelo outro, a noção exata do que é pertinente ao espetáculo do futebol e do que extrapola esse limite. Neymar parece ter se perdido em meio as cifras, as facilidades e a fama.
O Menino da Vila parece sofrer da mesma patologia de que sofre a juventude. Para o bem do futebol é bom que o menino Neymar vire homem de uma vez por todas, e que a maturidade não venha acompanhada da mazela fundamental do novo milênio: o desprezo pelo outro.
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