Se há um esporte que seja feito de estereótipos, esse é o futebol. Talvez por ser muito ligado ao imaginário popular, ele apresente esse fértil solo para tantas rotulações. É uma espécie de necessidade do povo deixar tudo em seus devidos lugares.
Goleiro precisa ser arrojado e ao mesmo tempo frio, atacante deve ser decidido e o meia, o cérebro da equipe. Os laterais devem ser precisos e os volantes combativos. O treinador é uma cara de pulso firme e ideias brilhantes; ou então, frouxo e burro. Não há meio termo para o técnico de futebol.
O zagueiro é um capítulo à parte. Ele é um cara mal, ríspido e sem meias palavras. Viril em sua forma de jogar e líder por natureza. O bom zagueiro, já ouvi dizer por aí, é aquele que recebe muitos cartões. Para jogar na zaga é preciso coragem e falta de piedade.
No Corinthians, clube que lidera o campeonato e está com a taça nas mãos, existe um defensor que foge a esse panorama. Paulo André gosta de pintar quadros, assistir à concertos e ouvir música clássica. No entanto, tem um bom rendimento na competição e é titular absoluto do Timão.
Deve haver até uma relação direta do comportamento desse jogador com seu rendimento em campo. O senso de colocação, a concentração durante os principais lances e o auto-conhecimento se desenvolvem quando exercemos atividades artísticas.
Paulo André está subvertendo a imagem clássica do zagueiro, mais especificamente e a do jogador de futebol, mais genericamente. Não é preciso ser bronco para jogar futebol.
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