3 de jul. de 2012

A PÁTRIA QUE A PARIU

Em épocas como a que se aproxima, de jogos olímpicos e copa do mundo, há um certo sentimento ufanista no ar. É comum ouvir frases como: "a seleção é a pátria de chuteiras"; "o Brasil é ouro"; "a bandeira está na parte mais alta do pódio". Uma exaltação desmedida de uma nação carente.
É muito bom ver o triunfo de um compatriota, não posso negar. Mas, quando um brasileiro chega, com dificuldades e muito suor, ao primeiro lugar em uma competição esportiva, cada um de nós sente como se fosse o vencedor.
Não temos heróis por aqui. Somos filhos de uma pátria que não está acostumada a parir super homens. O herói brasileiro tem origens subnutridas, sofre por falta de amparo e chora por ser tão carente. E assim somos nós quando nos deparamos com a vitória de um brasileiro.
Esporte profissional e de alto rendimento não tem nada a ver com essa puerilidade. São homens e mulheres que vivem de sua profissão, qual seja: a de desportistas. Precisam receber salários e direitos de imagem. Não estão ali como abnegados e, tampouco, fazem qualquer tipo de favor para a pátria.
Vejam o caso de Jade Barbosa, a melhor ginasta em atividade no país. Deve ficar de fora dos jogos olímpicos porque há uma discordância entre o que ela exige receber e o que a Confederação Brasileira de Ginástica quer pagar pelo contrato de patrocínio.
Por causa de fornecedores de material esportivo, Jade não deverá integrar a seleção brasileira que vai à Londres. O primeiro impulso, irracional, nos leva a condenar a ginasta por não querer servir a pátria mãe gentil. Porém, uma análise mais fria, traz uma visão mais realista do caso, qual seja: Jade Barbosa vive da ginástica, é profissional e, como tal, tem todo direito de escolher o que lhe é melhor financeiramente.

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