5 de abr. de 2013

O FATO E A NOTÍCIA

É preciso algum discernimento para se avaliar o que deve ou não ser notícia. O fato que vai virar assunto nos veículos de comunicação obedecem a critérios maleáveis e, ao mesmo tempo, contestáveis.
Vejam por exemplo a notícia de maior impacto no esporte neste meio de semana. Me refiro às declarações de Deco sobre Neymar. Disse o luso-brasileiro que não gosta do santista como pessoa, mas que admira seu futebol. O que tem de extraordinário nessa notícia? O que a dá força para ganhar tamanha repercussão?
Primeiro, devemos avaliar a expressividade de seus personagens. Neymar é  a maior estrela do futebol brasileiro. Ele ocupa 90% dos espaços jornalísticos e publicitários. É a maior empresa em atividade no Brasil. Deco, apesar de não ser tão rentável quanto Neymar, é jogador de fama internacional. Tudo o que diga ecoa pela Europa e, consequentemente, pelo resto do mundo.
Quando o jogador do Fluminense afirma que não gosta de Neymar, ele oferece o prato mais saboroso que a imprensa prova: a discórdia. Deco não se envolve em polêmicas e raramente emite opiniões que possam gerar desconforto. Ele é um conciliador por excelência. Neymar é querido pela maioria devido ao seu futebol e a seu carisma. Entretanto, há os que contestam sua extravagância e veem nela o seu calcanhar de aquiles. Quando o meia tricolor aponta para uma breve ranhura no craque, isso atinge em cheio a opinião pública. É um tiro certeiro na passionalidade do consumidor.
O fato em si não traz nada de extraordinário, nenhuma novidade que mereça repercussão. Deco pode gostar ou não de Neymar e, até mesmo, manifestar sua opinião. E não precisa se desculpar por isso, ou mesmo desmentir o dito. Neymar não está cima do bem e do mal. Seria uma pessoa como qualquer outra, se não fosse elevado ao Olimpo. E, definitivamente, esse fato não é notícia! 

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