5 de nov. de 2013

O QUE VALE É A FESTA

Mais um capítulo da tragicomédia em que se tornaram as CPIs sobre o futebol foi escrito hoje. O pedido de investigação protocolado pelo Senador Mário Couto (PSDB-PA) foi derrubado por causa de retiradas de assinaturas. O Senador já tinha conseguido 34 assinaturas, mas 9 parlamentares resolveram, como que por mágica, desistir. Com isso, o mínimo de 27 assinaturas necessárias para a abertura da CPI não foi alcançado.
Não que Mário Couto seja um exemplo de ética e luta pela justiça. Ele próprio já foi investigado pelo ministério público do Pará, quando presidiu a Assembleia Legislativa daquele estado entre 2003 e 2007, por irregularidades em licitações. Mas isso não é suficiente para tirar os créditos de uma CPI que prometia investigar desvios de dinheiro e divisas em obras para a Copa do Mundo.
O que não surpreende nessa história bizarra é que o primeiro a retirar a assinatura do pedido de CPI foi Zezé Perrella, ex-presidente do Cruzeiro. Obviamente, o nobre Senador tem seus motivos, nem tão ocultos assim, para ter tomado tal atitude. É, de fato, um momento muito propício para se receber afagos da CBF. Perrella admitiu, em plenário e sem nenhum constrangimento, que orquestrou a debandada dos 9 senadores da CPI do futebol. Só para constar e deixar registrado: Zezé Perrella foi condenado, no mês retrasado, por uso irregular de imóvel parlamentar em 2004, quando não era mais Deputado Federal por Minas Gerais.
O Deputado Federal Romário já tem protocolado um pedido de CPI no Congresso, mas ele não é tratado como prioridade. Há outros três pedidos à frente que sequer têm data para serem apreciados. Em 2001, houve uma CPI que investigou e apontou irregularidades em movimentações financeiras na CBF, tais como: sonegações de impostos e na previdência, caixa 2 em clubes, lavagem de dinheiro e outros impropérios. O que de fato ocorreu de lá para cá? Uma mudança na presidência da entidade máxima do futebol que não significou nada.
Não há motivos para crer que algo de bom possa ocorrer até a Copa do Mundo. Há muitos interesses envolvendo políticos, dirigentes e CBF. Enquanto isso, vamos fingindo que tudo está indo bem e que aqui, no país do futebol, o que vale é a festa.

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