2 de abr. de 2014

GANCHO À VISTA

Depois de muito pensar, a Portuguesa acionou a justiça comum em busca de uma vaga no Brasileirão 2014. A competição começa no próximo dia 19 de abril e a tabela já foi divulgada pela CBF, mostrando a Lusa na série B. Embora haja uma ameaça de adiamento do campeonato, as chances são remotas.
Historicamente, a CBF derruba todos os clubes que acionam a justiça comum. Em 1989, por exemplo, o Coritiba perdeu mando de campo por invasão de um torcedor na partida contra o Sport. Aceitou cumprir a determinação, contanto que jogasse no mesmo horário de Sport x Vasco. A equipe pernambucana era concorrente na luta contra o rebaixamento. A imposição do Coxa não foi atendida, o clube não entrou em campo e impetrou ação na justiça comum para reaver os pontos perdidos no W.O. Resultado: o Coritiba foi obrigado a fazer acordo com a CBF para não ser excluído da competição.
Em 1993, o América-MG foi rebaixado em um campeonato que tinha critérios confusos para definir o descenso. Sentindo-se prejudicada, a equipe mineira acionou a justiça comum para permanecer na primeira divisão. Conclusão: o time foi afastado por três anos e só retornou em 1997, quando jogou a segunda divisão nacional daquele ano.
Outros pequenos casos são registrados pelo Brasil afora e, em todos eles, o resultado é sempre o mesmo: a CBF acaba por obter as vitórias suficientes para oprimir os requerentes. A única contenda que beneficiou um clube foi o caso Sandro Hiroshi, em 1999. O jogador foi escalado irregularmente pelo São Paulo na vitória de 6 x 1 diante do Botafogo, o que acabou por transferir os pontos do jogo para o alvinegro. Com isso, o Gama foi considerado rebaixado naquele ano. O clube do Distrito Federal acionou a justiça comum e obteve vitórias significativas, a ponto de a CBF  e o Clube dos 13 terem sido obrigados a modificar toda a fórmula de disputa da competição do ano seguinte, a fim de encaixar o Gama na competição principal.
A exemplo do que tentou a Portuguesa, o Gama também utilizou terceiros para acionar a justiça comum, uma manobra preventiva para evitar sanções da FIFA. Àquela época, Sindicato dos Treinadores do DF e o PFL foram os autores da ação. Havia ali um peso extraordinário de um partido político que tinha bastante representatividade em 1999. Além disso, o fato da ação ter sido impetrada em Brasília diz muita coisa sobre o sucesso do Gama na manobra jurídica.
A Portuguesa está sozinha e desorientada. Entrou, por ela mesmo, na justiça comum. O que se pode prever, a partir da análise dos fatos históricos e da linha de conduta da Lusa, é que o clube vai sofrer a maior derrota de sua simpática história. Além de não permanecer na série A, corre o risco de levar um gancho.

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