TUDO QUE SE MOVE É SUSPEITO

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É tema recorrente as relações obscuras da CBF com pessoas e empresas ligadas a corrupção. O mais novo evento fala sobre a ISE (International Sports Events), uma empresa que tem sede nas Ilhas Cayman e que é responsável pela organização de amistosos da Seleção Brasileira. De acordo com reportagem do Estado de São Paulo, a ISE é acusada de pagar R$ 14 milhões em propinas para Bin Hamman, ex-presidente da Federação do Catar e apontado como cabeça de um esquema de compra de votos para a Copa do Mudo de 2022.

A Price Waterhouse Coopers, responsável pelas investigações, indica que o dinheiro seria enviado para Bin Hamman através da empresa Al Baraka Investiments, um braço do banco Dallah Al Baraka, com sede no Bahrain. O vice-CEO do banco, Mohyedin Saleh Kamel, seria o responsável pelas transferências. O mesmo Mohyedin assinava, como gerente, pela empresa ISE, o que aumentou a desconfiança dos investigadores.

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A ISE tem contrato com a CBF desde 2006 e teve sua última renovação em 2011, quando o presidente ainda era Ricardo Teixeira. Pelo novo contrato a empresa fica responsável pela organização de amistosos até a Copa do Catar, em 2022. Para cada jogo acertado, a ISE fica com cerca de US$ 1 milhão. Um dos responsáveis por aproximar a ISE da CBF, em 2006, foi Sandro Rossel, ex-presidente do Barcelona que renunciou ao cargo recentemente após as negociações mal esclarecidas por Neymar. Rossel é amigo de Ricardo Teixeira e de Bin Hamman.

O que a CBF tem a ver com todo esse novo escândalo que se avizinha? A princípio, nada. Mas ter relações com empresas e pessoas envolvidas em transações corruptas sempre a deixa na alça de mira. Me parece claro que a ISE funciona como um dispositivo de distribuição de propinas. Se a mesma fica responsável por jogos da Seleção, me parece também que há um caminho aberto para a promiscuidade. Reside aí o grande problema da CBF: para todo lugar que se olhe, o que se vê é suspeito. O Émerson, apesar de ser Sheik, tem sua razão.