17 de nov. de 2014

DRAMALHÃO


Toda polêmica envolve diversos lados. A contenda entre Dunga, Neymar e Thiago Silva merece ser vista sob os três prismas. Cada um tem um papel nessa trama que, por seu apelo dramático, começa a parecer um dramalhão mexicano de quinta.
O mais importante personagem é o zagueiro. Thiago Silva é o traído, aquele personagem que sofre até o fim. Achou que o posto de capitão, que nunca foi seu de fato, apenas de direito, seria eterno. De repente, é surpreendido pela notícia de que o amigo foi alçado ao seu antigo posto sem nem ao menos ter sido comunicado. Se entristece, tal qual o marido traído.
Neymar é o amigo do protagonista que aparece na trama como o algoz. Ele é um garoto prodígio, cercado de mimos, expectativas e faz disso uma virtude. Sua liderança gera inveja no mocinho. Seu estilo arrojado e decidido não deixa dúvidas sobre a decisão do comandante em lhe passar a braçadeira, objeto da discórdia.
O terceiro elemento é Dunga. O treinador aparece no drama como um personagem duro. Suas decisões são baseadas em fatos concretos e não há lugar para sentimentalismos. Para ele, é simples: chorou, titubeou ou hesitou está fora. Dunga carrega a experiência de cobrar pênalti em uma decisão de Copa na condição de capitão do time. Ele não perdoa indecisões. Thiago tremeu. Neymar nunca balançou.
No fim da trama, o protagonista deixa a família Dunga e chora, saudoso da antiga família Scolari. Sente saudades de um tempo em que ser capitão era apenas berrar em campo. Não se conforma com os conceitos, nem tão novos assim, de uma antiga seleção novamente comandada por um sujeito turrão que não conhece a palavra diálogo.

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