7 de abr. de 2015

MONSTRENGOS

A cartolagem brasileira é bastante criativa quando o assunto é regulamento de campeonatos. Já houve de tudo no país do futebol. A última vem de São Paulo. Por força do regulamento, o Penapolense pode se classificar para as quartas-de-final do Paulistão e ser rebaixado, ao mesmo tempo! E se der muita sorte, a equipe do interior pode até se sagrar campeã e rebaixada!
É que, de acordo com o regulamento, ao final da primeira fase os quatro clubes de pior colocação descem. Além disso, os dois primeiros de cada chave avançam de fase. O Penapolense habita os dois territórios.
Há inúmeros exemplos de regulamentos esdrúxulos, principalmente em campeonatos regionais. No Rio de Janeiro, por exemplo, o descenso só será definido posteriormente. Ao invés de adotar uma regra simples, com os dois últimos times caindo, obedecendo-se critérios de desempate tradicionais, haverá jogos extras em um torneio repescagem que terá, inclusive, a presença do segundo colocado da segunda divisão. Está confuso? Eu também.
No mesmo Cariocão, classificam-se para a semi-final os quatro primeiros colocados ao fim da primeira fase. O primeiro e o segundo levam vantagem do empate. Mas, não é tão simples! O time só leva vantagem em caso de dois empates, literalmente. Se houver time vencedor na primeira partida da semi-final, não há mais vantagem de empate.
Perplexo? Ainda há mais exemplos. No torneio Rio-São Paulo de 2002, o número de cartões contava para critério de desempate. No Campeonato Brasileiro de 1974, por exemplo, um dos critérios era a maior média de renda. Em uma competição que reuniu 40 clubes, Nacional-AM e Fluminense avançaram para a segunda fase graças ao regulamento. O campeão foi o Vasco.
Toda competição é definida pela federação local, se for estadual, ou pela CBF, se for nacional. Porém, não decidem sozinhas. Os clubes, reunidos em assembleias que são conhecidas pelo nome de conselho arbitral, são os maiores responsáveis por definir os rumos dos campeonatos. São o dirigentes que escolhem e produzem as maiores bizarrices. Essa é uma comprovação irrefutável do amadorismo no futebol.
A bem da verdade, e a despeito de todas as críticas, apenas após a pressão da TV o regulamento do Brasileiro mudou para pontos corridos. Foi a partir de 2003 que as anomalias regulamentares desapareceram, cabendo apenas aos estaduais as maiores aberrações. O problema é: o que um dia foi lenitivo pode virar veneno. Em nome da audiência, os financiadores podem aumentar a pressão para o retorno do mata-mata ou de qualquer outro regulamento mais confuso. Tudo é possível no país da bola!  

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